"Para sempre" ou "Coisas que se sabe com o coração"

Hoje reli o blog. Quase inteiro, diga-se de passagem. Relembrei a pessoa que eu costumava ser, que eu adorava ser, e que hoje não vive mais em mim. Nem um vislumbre daquilo que eu fui persistiu, contra todas as minhas expectativas. Sim, porque a gente sempre pensa que tudo é pra sempre. Se não tudo, várias, muitas coisas são, ou deveriam ser, ou aceitamos que sejam eternas.
Não tenho mais tempo para fazer Top 5 de minhas músicas, filmes, álbuns, ou fotos do Wata preferidas. Mal tenho tempo para ouvi-las, vê-los, organizá-los ou até mesmo ligar para o Wata. Não que isso seja triste, pelo contrário, é a vida, que corre em minhas veias forte como nunca, desesperada para finalmente se libertar de uma prisão longa...
Essa prisão, que eu também pensei que fosse pra sempre na época em que eu não percebia que, na verdade, eu era a prisoneira, e não a carcereira, fez com que toda minha meninice desaparecesse. Tudo que eu gostava de fazer e que era mais banal. Adeus, tchau. Não foi pra sempre aquela fase, e a de prisioneira também não.

Hoje não danço mais sozinha no quarta ouvindo "Bass in pocket", mas fiz questão de ouvir a música que marcou meus 15 anos tão intensamente no dia que fiz 20 anos.

(A propósito, tem suas vantagens em ser mais velha: passei a meia noite de meu aniversário na Av. Paulista, onde nasci, no meu carro, ouvindo a minha música. Pena que sei que essa fase também não vai durar pra sempre)

Hoje não penso mais na melodia do McFly como se tivesse sido feita pra mim. Acordei para a realidade: sou uma das milhões de fãs, uma das bem normais, para falar a verdade. Não, o Danny Jones nunca vai aparecer pra mim, e muito menos saber meu nome, embora meu eu-adolescente tenha sonhado isso muitas vezes.

Hoje eu nem lembro que usei aparelho - e como sofri na época - e que era uma pré-adolescente bem gordinha. Hoje brinco de ser fitness, por obrigação... Cobranças próprias, pessoais, intransferíveis.

A vida que eu tinha, vida-menina, morreu. Morreu com ela minha casa de caráter, minha escola da vida.
A vida que eu tive, logo após, de abstinência da minha personalidade, de apagamento próprio, de doação absoluta, também morreu. Morreram, com ela, pessoas importantes, inesquecíveis, nem sempre agradáveis, mas nem por isso menos marcantes.

Hoje, ao ler meu blog sentada na sala de aula em que - PASMEM - sou professora... Penso que, só por um dia, eu queria ser menina de novo, pra acreditar que algo seria pra sempre, o amor, a dor, qualquer coisa.
E se eu fosse menina de novo... lembraria-me de como é mostrar interesse, de como se faz para começar a amar de novo, para conquistar, para fazer brilhar o olho e sentir borboletinhas na barriga.
Eu-menina sabia tudo isso: fazia amar, amava, conquistava e deixava-se conquistar.
A eu-atual gostaria, só por um dia, de poder ser uma menina novamente, porque quem sabe não haja, do outro lado, um só menino (mas com a cabeça mil anos a frente), que faça com que ela se sinta uma pessoa de novo - pessoa. Pessoa no sentido inteiro da palavra: alguém que tem gostos, defeitos, que fala coisas interessantes, que presta pra alguma coisa.
Será que eu presto pra alguma coisa?
Se prestasse, poderia gritar o que penso aos quatro ventos, dizer publicamente que sinto saudade - mas nem tanto - da vida que tive, e que amo a vida, nova, e que queria que o tempo passasse rápido.
Porque voltar, para que eu seja menina de novo, é impossível. Mas pode avançar, para que os outros sigam seus caminhos. E alguns... Alguns percebam o que eu realmente quero dizer com esse texto, que deve ter, NO MÁXIMO, um leitor só.

O fim de agosto chegará. Será que eu chego viva até lá?

Comments

Pedroka, Pê, Nego, Nê ou até Diquinho se preferir... said…
Branca,

Mais simples? Mais complicada? Acho que a diferença entre menino(a) e homem/mulher não é que uma ou outra seja mais ou menos complicada, e sim que são somente diferentes. Diferença essa em termos de responsabilidade, vivência, experências, mas acima de tudo autoconhecimento. Autoconhecimento que soluciona nossas próprias aflições e inseguranças mais facilmente, e que faz com que olhemos para trás e vejamos o que deixamos de fazer e que na época nos fazia tão bem. Claro que muitas dessas coisas não fazem mais sentido, e outras não nos fariam tanto bem... mas acho que o importante é resgatar aquilo que ainda possa nos alegrar e que seja fácil (ou nem tanto) de ser realizado!

Top 5 músicas, filmes ou fotos do Wata, tanto faz. O importante é termos um Top de algo, que implica em conhecermos esse algo e refletirmos sobre o que o nosso EU acha mais interessante. Eu esse que livre dessa "prisão" pode, e deve, voltar a se dedicar pensar sobre si mesmo.

Já disse o grande e odiado Cidão: "Saudade é um gosto gostoso amargo de se viver". Saudade que levamos conosco aonde quer que estamos, que às vezes dói, às vezes conforta, mas que sempre deve ensinar com o passado como viveremos o futuro.

Antes de nos prendermos a algo que substitua o que não existe mais, acho que devemos pensar sobre a vida que queremos, sobre a felicidade que almejamos. Perca (ou ganhe) meia horinha com um trecho dessa palestra que acho que vai fazer todo sentido pra você. Espero que você absorva e repense, como eu, sobre como devemos encarar a vida em busca da "felicidade" (essas aspas farão sentido).

http://papodehomem.com.br/boa-vida/

Te amo, e estou morrendo de saudades!

Beijão

ps.: acho que pelo menos 2 leitores né...
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O tempo passa, as pessoas passam, as vontades e desejos passam e mudam... Mas nós, em nós mesmos, seremos sempre eternos.
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Lendo o blog eu conheci lados seus que jamais pensei em conhecer, aprendi coisas sobre você que eu nem imaginava que iria aprender, e sobretudo, pude notar, assim como você, o quanto as pessoas se flexionam com o tempo.
Sabe...
Existem tantas coisas, tantos pensamentos sobre isto que eu podia passar o dia inteiro aqui tentando lhe convencer de que a menina dentro de você ainda está ai, que basta derrubar estas muralhas que foram construidas a sua volta,diga-se de passagem, por você mesma, para que ela saia pra amar de novo.
É triste ver como as pessoas ficam calejadas pelo tempo e pelas experiências... Como elas se condicionam, como elas amadurecem.

Vou lhe contar um segredo... Todos temos uma "Neverland" dentro de nós. Um lugar em que os mais puros sentimentos e ideais ficam. Cada um sabe onde fica a sua, apenas não se permite viajar para lá, por medo, insegurança e até, por raiva ou condicionamento...
O segredo é trazer a tona o ímpeto de crescido que vive a vida como se fosse o último dia, e fundi-lo com o da criança que vive cada dia como se fosse o primeiro.
E com o tempo não saberemos mais distinguir se somos crianças guerreiras ou adultos inocentes.

Se permita. Se liberte.

O fim de Agosto chegará. Quantos sorrisos são possíveis até lá?

Beijos do seu sempre leitor , amigo,
Peter Pan
João said…
Quem já comentou escreveu bastante, o meu é mais singelo.

Só para você saber que tem mais de um leitor.

Essa história de ler um blog por inteiro causa uma angústia...

Beijos,
João.
Como o tempo passa rápido... O fim de Agosto chegou, não foi tão difícil, foi?! Cá estamos nós, ainda na crosta terrestre, respirando e sorrindo.

Três vivas!
Viva!
Viva!

Viva.

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