O Casamento
Li a carta naquele dia, mal acreditando que se tratava da mais pura verdade. Clarice ia se casar com outro. Como num passe de mágica, tomei consciência dos fatos e percebi que se deixasse aquilo acontecer não seria o homem tão forte que sempre fora para ela. Levantei da cama, arrumei-me e parti.
Ainda não havia esquecido das árduas noites sem Clarice, dos corriqueiros encontros com ela, das tardes passeando no parque mesmo sem namorar, dos meses de solteirice ao lado dela, da última noite, doce como um sonho de padaria, daqueles bem fresquinhos e recheados, da briga, da separação total, do novo namorado, de tudo. Mas sabia que teria que passar por cima do orgulho para ir atrás dela. A carta chegara conforme ela previu: no dia do casamento, para que ele não pudesse impedir nada. Mas ele ainda podia.
Eram tão jovens, seu namoro mal tinha acabado, tudo um grande mal entendido, e ele nem pudera se desculpar: Clarice encontrou em um primo o consolo para sua mágoa. Ele, claro, ficou ofendido, mas não deixou isso afetar a falsa amizade que tentava manter com a moça. O que queria? Todos sabiam. Era ela, dois nomes, uma só paixão.
Pegou sua carteira e a chave do carro e partiu. Vagou pela cidade bem devagar, procurando no guia a fatídica rua onde já começava a prever uma enorme confusão. Do momento em que encontrou até chegar lá não pôde registrar nem um milésimo de segundo, e sua mente não registrava nada além do desejo de tirar Clarice daquele casamento.
Parou o carro bem na frente e pôde ver Clarice prestes a entrar na igreja, linda como ele jamais a havia visto. Linda em seu vestido branco, com uma longa cauda, linda e cheia de graça, mas não feliz. Ele sabia, ele sabia que ela sempre o amara e era com ele que ela deveria - e queria - ficar. Então, para honrar todo o trabalho que teve quando adolescente para conquistá-la, os anos de namoro, as alianças de compromisso trocadas, as rosas enviadas, ele foi até lá, a segurou pela cintura, driblou seu pai e a enfiou no carro, sob protestos de todos os convidados que puderam ver a cena, mas não hesitou. Clarice, dentro do carro sem se debater, apenas derramou uma lágrima, sofrida, de alívio, e sem cerimônias disse as palavras que ele mais queria ouvir:
-Eu sabia que você viria.
Ainda não havia esquecido das árduas noites sem Clarice, dos corriqueiros encontros com ela, das tardes passeando no parque mesmo sem namorar, dos meses de solteirice ao lado dela, da última noite, doce como um sonho de padaria, daqueles bem fresquinhos e recheados, da briga, da separação total, do novo namorado, de tudo. Mas sabia que teria que passar por cima do orgulho para ir atrás dela. A carta chegara conforme ela previu: no dia do casamento, para que ele não pudesse impedir nada. Mas ele ainda podia.
Eram tão jovens, seu namoro mal tinha acabado, tudo um grande mal entendido, e ele nem pudera se desculpar: Clarice encontrou em um primo o consolo para sua mágoa. Ele, claro, ficou ofendido, mas não deixou isso afetar a falsa amizade que tentava manter com a moça. O que queria? Todos sabiam. Era ela, dois nomes, uma só paixão.
Pegou sua carteira e a chave do carro e partiu. Vagou pela cidade bem devagar, procurando no guia a fatídica rua onde já começava a prever uma enorme confusão. Do momento em que encontrou até chegar lá não pôde registrar nem um milésimo de segundo, e sua mente não registrava nada além do desejo de tirar Clarice daquele casamento.
Parou o carro bem na frente e pôde ver Clarice prestes a entrar na igreja, linda como ele jamais a havia visto. Linda em seu vestido branco, com uma longa cauda, linda e cheia de graça, mas não feliz. Ele sabia, ele sabia que ela sempre o amara e era com ele que ela deveria - e queria - ficar. Então, para honrar todo o trabalho que teve quando adolescente para conquistá-la, os anos de namoro, as alianças de compromisso trocadas, as rosas enviadas, ele foi até lá, a segurou pela cintura, driblou seu pai e a enfiou no carro, sob protestos de todos os convidados que puderam ver a cena, mas não hesitou. Clarice, dentro do carro sem se debater, apenas derramou uma lágrima, sofrida, de alívio, e sem cerimônias disse as palavras que ele mais queria ouvir:
-Eu sabia que você viria.
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