A dor que cabeça que não sara
"Se eu te achei linda de cachecol, imagina o que os caras não devem dizer pra você nesse verão, você de shortinhos". Pronto. Foi o suficiente para a minha paciência, que já estava curta graças à insistência inconveniente do cara que acabou me dizendo isso, estourar. Eu não só me senti um pedaço de carne, mas um daquelas bem baratas - já que os caras, todos, todos eles, devem dizer isso aí pra mim toda hora. Foi o estopim para um esculacho virtual, via Whatsapp, que - espero eu - terminou com uma série de conversas pseudo-românticas mas com um cunho de objetivação enorme. A mulher é vista como um produto a ser consumido e que, portanto, deve satisfazer necessidades e vontades do consumidor, doravante o homem. Nesse caso, como a vontade do homem era ter à disposição pernas e coxas fartas para olhar (e quem sabe dar aquela encoxadinha disfarçada no metrô), a requisição foi bem objetiva: gosto do verão porque as mulheres usam shortinhos. Não porque estão com calor. Nã...